Opinião: A pandemia do sedentarismo


Fabiano Lago*

Em tempos em que os números de mortes por Covid-19, anunciados diariamente, preocupam e assustam a todos, estimativas reveladas recentemente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação às mortes causadas pelo sedentarismo nos fazem pensar que além da batalha contra o coronavírus, devemos nos entrincheirar para combater também os maus hábitos que ameaçam a saúde e a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.

De acordo com estimativa da OMS, até 5 milhões de mortes por ano poderiam ser evitadas, em todo o mundo, se tivéssemos um aumento na prática de atividade física regular. Considerada como a doença do século, o sedentarismo está associado ao comportamento ou acomodação decorrente dos confortos que a vida moderna trouxe à boa parte da população. Os riscos desse mau hábito para o nosso corpo são inúmeros, entre eles doenças cardiovasculares, osteoporose, diabetes, obesidade, aumento do colesterol, hipertensão arterial, infarto do miocárdio, entre outros. O risco de um infarto é, em média, 54% maior em pessoas sedentárias; e o de derrame cerebral, 50% maior. 

Ainda de acordo com dados da OMS, um em cada quatro adultos não pratica exercício físico suficiente. O mesmo acontece com quatro de cada cinco adolescentes. Além dos prejuízos para a saúde, estima-se que, em todo mundo, o sedentarismo custe US$ 54 bilhões em cuidados diretos de saúde, além de outros US$ 14 bilhões em perda de produtividade. Para mudar este cenário, devemos combater o sedentarismo em todas as idades e circunstâncias, até mesmo em situações de pessoas que vivem com limitações físicas ou condições crônicas. As novas diretrizes da OMS sugerem que devem ser destinadas pelo menos duas horas e meia a cinco horas, por semana, para atividade aeróbica moderada a vigorosa, no caso dos adultos. Para crianças e adolescentes, a média recomendada é de uma hora por dia.

A Covid-19 fez com que muitas pessoas se isolassem em casa, reduzindo drasticamente a movimentação e a atividade física. Novas recomendações da agência de saúde mundial afirmam que, apesar do cenário pandêmico e da necessidade de ainda mantermos o distanciamento social, as pessoas, em todas as faixas etárias, devem se manter ativas fisicamente. Devemos nos mover todos os dias, encontrando dentro da realidade de cada um as condições ideais de segurança para tanto, seja com a prática de desportos ou até mesmo mantendo a regularidade em práticas como caminhada, dança e atividades domésticas, como a limpeza.

As novas diretrizes contra o sedentarismo incluem ainda o incentivo às mulheres a manter a atividade física regular durante a gravidez e após o parto. Entre os muitos benefícios da prática regular de atividade física estão a prevenção e o controle de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e câncer. O exercício físico regular ajuda também a diminuir os sintomas da depressão e ansiedade, reduzindo o declínio cognitivo e melhorando a memória e a saúde do cérebro. Ser fisicamente ativo pode prolongar a nossa vida e até mesmo garantir a qualidade de vida nos anos finais da nossa existência. No caso dos idosos, deve haver o cuidado de incluir na rotina atividades que estimulem o equilíbrio e a coordenação, além do fortalecimento muscular, o que ajuda na prevenção de quedas e melhora da condição física.

Por tudo isso, o conselho a ser dado é movimentar-se regularmente. Cuidar para manter hábitos saudáveis de vida onde o sedentarismo não encontre brecha para se estabelecer. Porque para essa doença não existe vacina.

*Fabiano Lago é endocrinologista da Estância do Lago - Spa & Wellness.

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