Com palestrantes de diversas
regiões do país, o evento proporcionou ao público a oportunidade de conhecer
vários modelos de atendimento
Os avanços e desafios
no atendimento aos pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) foram
apresentados em um workshop promovido pela Unimed Federação Centro Brasileira em 11 de julho.
O amplo debate, que reuniu a diretoria da Federação - Danúbio Antonio de Oliveira, Sérgio Baiocchi, Martúlio Nunes Gomes e Éder Cássio Rocha Ribeiro -, dirigentes e gestores das Singulares federadas, fez-se necessário, pois esse é um tema delicado, que envolve os cuidados com o paciente, a oferta das melhores terapias, o cumprimento de normas legais e a garantia da sustentabilidade das cooperativas.
Na abertura do
evento, o presidente da Federação, Danúbio Antonio de Oliveira, ressaltou a
preocupação das Unimeds com diagnósticos inadequados, que fazem com que os
gastos com esses atendimentos já superem os da oncologia, órteses e próteses.
“Na Federação, estamos atentos a esse assunto há muito tempo e precisamos
encontrar caminhos para minimizar diagnósticos equivocados, que sobrecarregam
nossas cooperativas”.
Estudos
Os participantes do
workshop tiveram a oportunidade de conhecer os estudos atuariais e análises
realizadas pela Federação mineira para verificar as necessidades de cada
beneficiário que solicitava terapias especiais. “Temos que entender a fundo o
que estamos auditando. Não é porque não há mais limites que temos que permitir
tudo o que os médicos solicitam. Precisamos questionar e conhecer o assunto”,
ressaltou.
A partir disso, foi
iniciado um trabalho de orientação das Unimed filiadas à Federação de Minas
Gerais com instruções sobre as terapias, como a ABA, para quais faixas etárias
são indicadas, resultados científicos, análise das capacitações dos profissionais
e até mesmo a criação de serviços próprios.
Em meio a tudo isso,
a área jurídica também se aproximou da assistencial. “O advogado (da
cooperativa) precisa ter suporte para entender as terapias, para que possa ir
às audiências com mais segurança nos questionamentos”, esclareceu.
A gestora acrescentou ainda que “precisamos estar sempre em contato com os cooperados e famílias para que possamos solucionar os contratempos que aparecerem, sem apenas negar (a assistência) constantemente”.
Em continuidade ao
evento, o gerente de Provimento em
Saúde da Unimed Santos e superintendente de Saúde da Unimed do Brasil, Gines
Henrique Martines, abordou as adversidades no atendimento às demandas de
terapias especiais. Ele logo chamou a atenção sobre os mais de 300 projetos de lei
que abordam o TEA em tramitação no Congresso Nacional.
Assim, sua
cooperativa em Santos lidou com esse cenário externo de forma a transformar uma
visão mercantilista que envolvia a assistência para a conduta de acolher os
beneficiários, o que ajuda as famílias a entenderem os objetivos de cada
tratamento. “As Unimeds também constroem um trabalho de formação e
especialização de profissionais no atendimento aos autistas”, acrescentou.
No entanto, o que ele
chamou de “hiperdiagnósticos” de autismo compromete a sustentabilidade das
operadoras. Por isso, a Unimed do Brasil criou a diretriz para a gestão do
atendimento do TEA, assim como atua na orientação das Unimeds para as atuações
perante o Judiciário e na defesa de liminares.
Mesmo com todos esses
desafios, Gines Martines ressaltou que o Jeito de Cuidar Unimed deve estar em
foco. “A minha orientação para quem quer instituir serviços próprios de
assistência ao TEA é conscientizar todos os envolvidos para que a família não
se sinta um peso para o Sistema. O atendimento pode ser um agravante para a
sinistralidade e preocupação entre nossos dirigentes, mas os familiares não
devem perceber isso”, resumiu.
Negociações
Para finalizar o
workshop, o gerente de Atenção à Saúde da Unimed Nacional, Marco Aurélio Cunha,
explicou como a instituição estabeleceu pagamentos fixos às clínicas e
especialistas que oferecem assistência aos pacientes autistas, a fim de evitar
diagnósticos irregulares.
Para TEA de graus 1,
2 e 3, os pacotes têm os mesmos valores, por exemplo, de forma a prevenir que
haja o incentivo de definir as crianças sempre nos quadros mais graves do
espectro. “Temos que nos lembrar que nós (o Sistema Unimed) somos o cliente e
não a rede prestadora”, declarou ele, a respeito do poder de negociação.
Palavra dos participantes
Conhecer cases como
esse ajudam a definir as estratégias de ações das Unimeds Singulares, como
mencionou o superintendente Administrativo e Financeiro da Unimed Jataí, Edson
Lima. “O workshop coloca todos nós em um mesmo nível de entendimento e favorece
a tomada de decisão. Ganhamos também mais segurança para pensar em ter serviço
próprio ou contar com profissionais parceiros”.
A Unimed Araguaína é
um exemplo de Singular que decidiu investir em serviços próprios e ofertar um
espaço com terapias especiais para beneficiários com TEA, segundo contou o
superintendente João Victor Quadra. “Toda a formação da equipe, lidar com os
clientes, pais e cuidadores dessas crianças tem sido muito delicado. Ver os
exemplos que temos aqui é algo que estimula a gente e percebemos que é possível
oferecer um serviço de qualidade e com sucesso”.