Ricardo Cappelli e Rodrigo Rollemberg, ambos do PSB, articulam nos
bastidores uma estratégia para fragmentar o PT do Distrito Federal,
apesar de a legenda já ter Leandro Grass como nome natural para a
disputa pelo Palácio do Buriti em 2026.
Recém-filiado ao PT e atual presidente do Iphan, Grass enfrenta resistência interna de correntes que exigem prévias para a escolha de candidaturas — entre os nomes citados estão Geraldo Magela e a ex-reitora da UnB Márcia Abrahão.
Para avançar na tática de “dividir para conquistar”, Cappelli e Rollemberg conseguiram o apoio público de Washington Quaquá, vice-presidente nacional do PT e prefeito de Maricá (RJ). Quaquá passou a tratar o PT-DF como “morto e enterrado” desde 2014, quando o partido perdeu o Buriti e Agnelo Queiroz não conseguiu reeleição.
O desgaste do PT no DF tem histórico: em 2018, a campanha de Júlio Miragaya alcançou apenas 4,01% dos votos válidos, terminando em nono lugar — a pior votação absoluta do partido desde 1990 — e elegendo apenas dois deputados distritais. Em 2022, o PT atuou como coadjuvante na federação PV/PT/PCdoB, liderada por Grass na época, mas foi batido já no primeiro turno por Ibaneis Rocha (MDB).
A 13 meses das eleições de 2026, a incerteza persiste. Grass, visto por alguns como “cabrito novo” sem um grupo sólido de apoio, já admitiu dúvidas sobre lançar-se candidato diante das disputas internas. Antigos aliados afirmam que sua saída do Partido Verde foi um erro político, na expectativa de que seria bem acolhido pelos petistas — “caiu na armadilha como um pato”, disse ao Radar um conhecido ambientalista do DF. Há quem avalie que Grass pode acabar sendo apontado para uma vaga de vice, caso a esquerda confirme o nome de Cappelli.
Cappelli, por sua vez, tem recebido sinais de respaldo de vozes próximas ao presidente Lula, como Geraldo Alckmin, e do ministro Flávio Dino. Nem precisaria se filiar ao PSB para disputar o Buriti, embora as pesquisas atuais indiquem baixa viabilidade: levantamento do Instituto Exata divulgado na semana passada o coloca em nono lugar, com 2,6% das intenções de voto.
O apoio de Quaquá à candidatura de Cappelli soou como um freio de arrumação na base petista do DF e aprofundou a crise interna. Circulam rumores de que Edinho Silva, presidente nacional do PT, também poderia endossar movimentações favoráveis ao ex-aliado de Rollemberg. Apesar de protestos do deputado distrital Chico Vigilante, que qualificou o apoio de Quaquá como “agressão” ao PT-DF, a manobra expõe uma desmoralização do petismo local.
O PT, outrora protagonista no Distrito Federal, corre o risco de se fragmentar diante das fraquezas de suas lideranças, transformando uma força política em relíquia do passado.


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