Roda que transformou o restaurante de Tia Zélia em reduto de memória preta e comunitária registra sua trajetória em show gratuito no dia 13 de dezembro, às 13h
O Samba da Tia Zélia, roda que fez da Vila Planalto um ponto de encontro obrigatório para quem leva o samba a sério em Brasília, dá um passo inédito na sua caminhada: a gravação do primeiro audiovisual da história do grupo.
Nascido na rua, em frente ao restaurante de Tia Zélia: cozinheira baiana que se tornou referência afetiva e gastronômica na cidade, o STZ vive um momento de expansão musical. A gravação oficial acontecerá na Acadêmicos da Asa Norte, no dia 13 de dezembro, a partir das 13h.
“A alteração do ambiente reflete apenas necessidades técnicas e logísticas da produção, sem romper com as raízes afetivas da tenda, que permanece como casa simbólica e território sagrado da roda”, explicam os produtores Melissa Silva e Marcelo Ribeiro.
Mais do que um evento filmado, o audiovisual marca um novo capítulo para um coletivo que trata o samba como memória, política e pertencimento.
“O objetivo principal é jogar o projeto no mundo. Ao longo dos anos, fortalecemos o trabalho, aprimoramos o som, levamos nossa roda ao Rio e recebemos um retorno muito potente. Agora, queremos cruzar outras fronteiras e levar o nome do STZ para lugares que antes pareciam distantes, mas que hoje sabemos que podemos alcançar”, resumem os produtores.
O conceito do registro busca honrar essa caminhada. Vermelho e branco, cores que se tornaram marca da roda, serão o fio estético de um trabalho fiel às raízes e às metas. “É o samba pelo samba. Tem que ser raiz, tem que lembrar da origem sem esquecer de onde queremos chegar. A ideia é celebrar a construção coletiva, que entendemos que determinou o alcance que tivemos”, avalia Marcelo.
Nascido como um movimento de rua, de defesa da cultura, da ancestralidade preta e de bandeiras progressistas, o STZ consolidou-se como espaço democrático de encontro e celebração. Oriundo da Vila Planalto, cresceu sem perder a base: o respeito à tradição do samba e à comunidade que o sustenta.
“O STZ surgiu como movimento de rua. Cresceu muito, mas não perdeu suas raízes. Acho que isso ficará evidenciado no audiovisual”, pontua Melissa.
Esse espírito coletivo também se traduz no repertório. O registro vai passear por clássicos do samba, pontos de matriz africana, canções autorais e inéditas, costurando diferentes camadas da história do gênero.
“Cada música é uma peça de um mosaico maior: um samba que reconhece sua origem na resistência e se projeta para o futuro sem abrir mão de ser do povo e para o povo”, ressalta a equipe.
No palco, o audiovisual registra a formação que firma o som do STZ: André Silveira na voz e pandeiro; Gigi Capozzoli na voz e reco; Kadu Nascimento no tantan; Pedro Molusco no cavaco e direção musical; Edson Arcanjo no violão e direção musical; Yara Alvarenga no surdo e Danilo Avellar na percussão geral.
A gravação conta com o apoio do Tia Zélia Restaurante, berço afetivo e geográfico da roda, acompanhado da Indomável, gravadora responsável pelo audiovisual, e do SindBancários como apoiador institucional, somando-se à defesa da cultura popular.
A ideia, reforçam os produtores, “é registrar não apenas um show, mas um modo de existir: a roda como espaço de acolhimento, de defesa da cultura preta e de construção comunitária”.
Nas entrelinhas, o recado do STZ para além da Vila Planalto permanece o mesmo. “A mensagem central é a valorização da cultura, o respeito ao samba e ao espaço sagrado que ele representa. É sobre cantar junto, acompanhar na palma da mão, contribuir com a energia. Nada se faz sozinho. É coletivo mesmo”, conclui Melissa.
SERVIÇO
Gravação do primeiro audiovisual do Samba da Tia Zélia
Local: Acadêmicos da Asa Norte
Dia: 13 de dezembro
Horário: A partir das 13h



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